VIDAS DE MULHERES IMPORTAM! IMPORTAM MESMO?
Há algo que as igrejas cristãs possam fazer contra o feminicídio?
A pergunta acima é, ao mesmo tempo uma denúncia e um apelo às igrejas cristãs e a outras religiões presentes em nosso país.
Denúncia, porque o que elas têm feito para debelar esta chaga moral e espiritual em que se constituem os repetidos e bárbaros crimes de feminicídio em nosso país, é como um grão de areia na praia, de tão insignificante.
Os diversos grupos religiosos do nosso país são autoritários, sexistas e racistas, e têm no machismo um dos seus traços culturais mais fortes, alimentado pelos três fatores antes citados. Por isso, embora não incentivem explicitamente o feminicídio, nem estejam diretamente ligados às suas práticas, eles e suas lideranças são indiretamente responsáveis pela prática em tão alto número deste tão hediondo, degradante e desumano crime no Brasil.
Afinal, calar-se diante do mal e nada fazer para impedir que prevaleça é, em última instância, render-se a ele e ser covarde e criminosamente conivente diante dele.
O fim tão precoce, por assassinato, da juíza Viviane Arronenzi, morta covarde e traiçoeiramente, a golpes de faca por seu ex-marido, na frente de suas filhas, como pode ver na reportagem anexa, deve fazer-nos pensar no como estamos vivendo como cristãos e religiosos, e no que estamos fazendo com os ensinos do nosso Senhor Jesus Cristo e com o seu convite à luta pela vida, em sua plenitude e em todas as suas dimensões, para a qual ele nos chama.
Ou esperaremos chegar, em nosso comodismo, em nossa zona de conforto, em nossa indiferença e em nossa incapacidade de indignar-nos e dizer “basta”, até o momento em que, quais zumbis, pareçamos apenas estar vivos, estando já mortos? Olhem: estamos bem próximos disso!!!
São constatações como estas que me fazem pensar, repetidas vezes, que o cristianismo histórico, em sua várias correntes, assiste passivamente a falência de todos os seus projetos e modelos trazidos para serem implantados nas Américas, especialmente o católico, o protestante e evangélico e o espírita, hoje tornados incapazes de serem espaços espirituais em que sejam geradas pessoas como Jesus.
Vidas de mulheres importam? Importam mesmo? Digamos todos que “sim” e, coerentemente, combatamos a necropolítica e a necro-cultura que dizem “não!” à vida das mulheres e criam condições para que os homens, agindo despoticamente e em desprezo às suas vidas, vão fazendo do nosso país um palco diário de covardes feminicídios.
Parece um grupo de socialistas que nem sequer citam a Bíblia.
Barbaridade!
Prezado Carlos, entendemos que a Bíblia deve estar no espírito da mensagem, não necessariamente na sua letra. Não temos o compromisso de citar a Bíblia apenas para provar que o nosso ponto de vista é verdade absoluta. Quem assim age são os fundamentalistas, o que não é o nosso caso. Como batistas comprometidos com os seus princípios históricos, promovemos a plena liberdade de opinião e de crença. Por outro lado, o articulista não cita obras socialistas, o que é coerente com os nossos objetivos. Abraço.